Bolsonaro quis mostrar-se forte aos olhos dos seus devotos com o ato de demitir a cúpula das Forças Armadas. Foi também para esconder que, alugado pelo Centrão, liberou bilhões de reais para obras em redutos eleitorais de deputados e senadores, cedendo-lhes outro ministério com direito a assento no Palácio do Planalto.
Para isso valeu-se de um ardil – a demissão fake dos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica. Uma vez que o general Fernando de Azevedo e Silva fora demitido de forma humilhante durante uma conversa de cinco minutos, os três comandantes haviam combinado sair solidários com ele.
O general Edson Leal Pujol, do Exército, sabia que o próximo alvo seria ele. O almirante Ilques Barbosa e o brigadeiro Antônio Carlos Bermudez não ficariam nos postos se Pujol fosse removido. Como a informação vazou na noite da segunda-feira, Bolsonaro orientou Braga Neto, ministro da Defesa, a anunciar a saída dos três.
O presidente não contava com a reação de tantas vozes, civis e militares, de repúdio à sua atitude. A reprovação foi generalizada. Uma única voz de peso não se fez ouvir em sua defesa. Que ninguém se espante se, hoje ou amanhã na sua live semanal no Facebook, ele fale fino como costuma fazer quando confrontado.
Bolsonaro está em guerra – mas não contra o vírus. Contra seus próprios demônios.
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