A Polícia Civil do Rio de Janeiro divulgou na noite desta segunda-feira, 12, as imagens que mostram o menino Henry Borel, 4 anos, mancando após ser brutalmente agredido pelo vereador e médico Jairo Souza Santos Junior, o Dr. Jairinho, há exatos dois meses no apartamento em que a criança morava com o padrasto, na Barra da Tijuca, Zona Oeste da capital. O vídeo foi capturado em uma conversa entre a mãe de Henry, Monique Medeiros, 33 anos, e a babá da criança, Thayná de Oliveira Ferreira – que está prestando depoimento desde 15h30 de hoje na 16ª Delegacia de Polícia, também na Barra da Tijuca.
A cuidadora mentiu em depoimento prestado anteriormente na unidade. VEJA apurou que ela está reformulando suas declarações – em caso contrário, a babá pode responder por falso testemunho. A polícia descobriu que ela falsificou sua versão ao localizar os prints de chats no telefone celular de Monique, no qual Thayná narra, em tempo real, uma sessão de tortura feita pelo vereador à mãe da criança, que não comunicou a polícia, tampouco afastou Henry do padrasto. Monique e Dr. Jairinho foram presos na última quinta-feira, 8. Eles vão responder por homicídio duplamente qualificado e tortura do menino.
As agressões do parlamentar a Henry ocorreram em 12 de fevereiro. No dia seguinte, a mãe do menino o levou para o hospital Real D’or, em Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Por volta de 12h, Monique levou o filho para atendimento na pediatria da unidade. Apesar de saber da sessão de espancamento, ela alegou aos médicos e enfermeiros que a criança teria “caído da cama” por volta das 17h do dia anterior, conforme a ficha médica a que VEJA teve acesso. O menino fez radiografia no joelho esquerdo, mas a estrutura óssea e os ligamentos ficaram preservados mesmo após as agressões de Dr. Jairinho.
Na madrugada em que Henry morreu, pouco mais de um mês depois, o casal também alegaria que a criança teria “caído da cama”, hipótese que já foi descartada pelas investigações. O laudo de reprodução simulada da Polícia Civil rejeitou que a criança tenha morrido por queda da cama ou da poltrona que havia no quarto. Peritos fizeram diversas simulações – inclusive de uma possível queda de uma estante de 1,20 metro de altura – e constataram que os ferimentos não são compatíveis com a versão inicial dada por Monique e dr. Jairinho.
Policiais fazem reprodução simulada no apartamento em que Henry morreu Polícia Civil/Divulgação
Na madrugada desta segunda-feira, 12, Monique foi transferida do Instituto Penal Ismael Sirieiro, em Niterói (região metropolitana do Rio) para o hospital do Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste da capital. A mãe de Henry está com infecção urinária, fez exames e deve retornar à unidade prisional em Niterói ainda nesta segunda.
No final da noite de hoje, Monique Medeiros separou sua estratégia de defesa da de Dr. Jairinho, mudou de advogado e optou pelo criminalista Thiago Minagé, um dos defensores do ex-deputado Eduardo Cunha.
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