Enquanto o Brasil engatinhava no calendário da vacinação contra a covid-19, no primeiro semestre deste ano, a cidade de Serrana, no interior de São Paulo, era palco de um projeto científico que, entre fevereiro e abril, vacinou em massa sua população e mostrou que a vacina CoronaVac —produzida pelo Instituto Butantan e desenvolvida em parceria com o laboratório chinês Sinovac.
Com o avanço na vacinação nos estados brasileiros ao longo do ano, essa redução dos indicadores pode ser vista em todo o país. Mas, em Serrana, apesar dos índices de internações e mortes permanecerem baixos, houve um salto nos números de novos casos —antecipando o cenário nacional daqui a alguns meses, segundo avaliam cientistas.
A previsão já era preocupante antes mesmo da notícia da nova variante ômicron, que surgiu na África do Sul e já circula em alguns países da Europa.
Dados levantados a pedido da reportagem pelo Infotracker, instituto de monitoramento de dados da USP e Unesp, apontam um aumento de 300% na média móvel de novos casos em Serrana desde o começo do ano: eram oito novos casos diários, em média, em 1º de janeiro de 2021, pouco antes do início da campanha de vacinação no Brasil, contra 32 no último dia 19. A cidade tem 46 mil habitantes.
No gráfico abaixo, é possível visualizar a variação de casos desde o início deste ano. Os casos diminuem a partir de abril, quando Serrana vacinou quase totalmente sua população, e há um salto no número de diagnósticos a partir de outubro, quando a imunização completou seis meses.