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Pujol sai com a farda intacta | VEJA

Pujol sai com a farda intacta

Líderes dos quartéis continuam desconfortáveis com Jair Bolsonaro. Não é só a renúncia coletiva, mas um acordo interno entre parte do alto oficialato para não endossar qualquer arroubo verbal do presidente. A semana do golpe de 1964 é sempre difícil para o país. Mas com Bolsonaro é ainda mais porque ele faz questão de tripudiar em cima da ferida nunca cicatrizada da ditadura. E exige dos quartéis a “comemoração”.

No dia 26 de março, esta coluna contou que crescia entre os militares das Forças Armadas o temor de que eles fiquem marcados na História como sócios da tragédia que foi a gestão da Saúde do atual governo. Hoje,  quando se conversa com os oficiais, eles fazem questão de dizer que o fato de Pazuello ser general, não o credenciava para o cargo que aceitou. Em outras palavras, mesmo sendo da ativa, aceitou porque quis.

Nesta terça-feira, 30, os comandantes das três forças entregaram os cargos, num movimento inédito na história do país e em reação à demissão do agora ex-ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva. Mas os comandantes da Aeronáutica Antonio Carlos Moretti e da Marinha Ilques Barbosa Júnior fazem, na verdade, um movimento de solidariedade ao chefe do Exército, o general Edson Pujol. Ele se tornou símbolo dessa resistência à intervenção.

Foi Pujol que se recusou a politizar os quartéis, apesar de ser diretamente pressionado pelo presidente. Ele se preocupou com a imagem do Exército na crise da Saúde. Pujol sai com a farda intacta. Como já havia comentado neste espaço, nas democracias maduras e estáveis, o nome do comandante do Exército é desconhecido da maior parte da população. E o motivo é simples. Ele não faz, sob nenhuma hipótese, proselitismo político. Mantém a discrição.

Pujol será lembrado por se apor às políticas no quartéis, quando Bolsonaro, acuado, quer dobrar a aposta. Que o exemplo dele seja seguido pelo novo comandante do Exército. Mas também da Marinha e da Aeronáutica. A maioria dos oficiais se preocupa em não ser sócio de aventura política inconstitucional. Bolsonaro pode tirar um comandante, mas dificilmente sujeitará o Exército, dizem fontes militares.

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