O mercado de ativos digitais passou por um crescimento histórico em 2021 e junto a esse movimento chegaram os NFTs, os tokens não fungíveis que foram incorporados nos mercados de arte digital, música, games e inúmeros outros, gerando leilões milionários durante o auge da euforia. Agora, porém, seus preços parecem estar diminuindo a um ritmo acelerado.
- Jogos em blockchain e NFTs permitem que jogadores virem investidores
- O que é NFT [non-fungible tokens]?
NFTs perdem valor rapidamente nas últimas semanas (Imagem: Marco Verch/Flickr)
Afinal, essa tecnologia começou a ser utilizada para registrar praticamente qualquer coisa em rede blockchain, com posse e autenticidade garantidas. Dessa maneira, ativos digitais extremamente exclusivos e até mesmo colecionáveis começaram a surgir e seus preços foram determinados pela simples lógica do maior lance. Se uma única pessoa no mundo todo estiver disposta a pagar milhões por uma ilustração, por exemplo, então esse NFT vale milhões.
Consumidores reconsideram se vale a pena comprar NFTs
Porém, assim como era esperado, a euforia que incentivava essa onda de compras a preços absurdos foi esfriando. Agora, consumidores não se mostram mais dispostos a pagar pequenas fortunas por uma representação digital de algo. Entre fevereiro e abril, o valor médio desses ativos caiu 70%, mas o mercado se recuperou em maio com o aumento de procura por colecionáveis raros. Junho, porém, parece ser o pior mês até agora para os tokens não fungíveis.
O site de blockchain e ativos digitais Protos relatou na quarta-feira (02) que os NFTs rastreados no banco de dados Nonfungible.com atingiram um pico de valor no dia 3 de maio, registrando US$ 102 milhões em transações de tokens não fungíveis em apenas 24 horas. Aquela mesma semana movimentou no total US$ 170 milhões. Contudo, se compararmos com dados um pouco mais atuais, esse valor despencou para US$ 19,4 milhões nos últimos sete dias, uma desvalorização de mais de 80%.
Arte digital não é tão relevante no mercado
Esses ativos começaram a chamar a atenção na venda de obras de arte digitais, como a peça “Everydays — The First 5000 Days”, do artista Beeple, que foi leiloada por US$ 69 milhões na Christie’s em março, se tornando o NFT mais caro até hoje. Porém, o que realmente movimenta o mercado de tokens não fungíveis sempre foram e continuam sendo os colecionáveis. Os chamados CryptoPunks, que são avatares pixelados limitados, são um exemplo disso. Em meados de maio, um conjunto de nove desses NFTs foi leiloado por US$ 17 milhões.
De acordo com o Protos, US$ 9,2 milhões em cripto-colecionáveis foram vendidos na semana passada. Os NFTs dos “metaversos”, que são mundos virtuais baseados na ideia clássica de “Second Life”, venderam US$ 3,3 milhões em objetos, roupas, avatares e muitos outros tipos de ativos digitais in-game no mesmo período. Na realidade, o mercado de arte é atualmente a mais restrita secção do mercado, movimentando US$ 3 milhões, sendo superado até mesmo pelas cartas colecionáveis da NBA Top Shot, que levantaram US$ 3,16 milhões em tokens não fungíveis.
De uma maneira geral, os dados indicam que as pessoas estão reconsiderando se realmente vale a pena gastar tanto dinheiro nesses colecionáveis digitais. O número de carteiras de NFTs ativas também caiu de mais de 12.000 no pico diário de cada setor de tokens para apenas 3.900 registrados na quarta-feira (02), uma queda de aproximadamente 70%.