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Fintech: Vixtra, para pequeno importador, nasce com aporte de R$ 35 mi

Fintech: Vixtra, para pequeno importador, nasce com aporte de R$ 35 mi

Fintech: voltada a pequenos importadores, Vixtra atrai R$ 35 milhões

Guilherme Rosenthal (lado esquerdo), Leonardo Baltieri (centro) e Caio Gelfi (lado direito): oceano azul no meio da proliferação de fintechs (Vixtra/Divulgação)

Um dos mais reconhecidos do comércio exterior brasileiro, Alfredo de Goeye, e outros sócios na Sertrading fizeram um investimento de R$ 35 milhões na recém-criada Vixtra, uma espécie de fintech que será dedicada a facilitar a vida de pequenos e médios importadores. O aporte também conta com dois investidores anjo, Mauro Negrete e Gustavo Jobim.

O desenho da startup surgiu no começo deste ano quando os amigos Guilherme Rosentahl e Caio Gelfi, com histórico em comércio exterior e passagens pela própria Sertrading, e mais Leonardo Baltieri, do segmento de pagamentos, se conheceram e uniram a vontade de empreender, mas em busca de um oceano azul no universo de soluções financeiras.

A experiência dos três resultou na Vixtra. A empresa começa a operar, com o conceito de mínimo produto viável (MVP), agora em novembro e deve ganhar mais volume ao longo dos meses seguintes. Para 2022, aí sim, vem a fase de buscar crescimento. A capitalização que acaba de ser recebida é uma das maiores já registradas para um negócio em fase pré-operacional.

Atualmente, com quatro meses desde sua criação, a empresa tem 30 profissionais e deve terminar o ano com 60 e boa parte do time dedicada à tecnologia. Para o ano que vem, a equipe deve aumentar para 100 pessoas, com as contratações mais direcionadas à área comercial.

O empreendimento chamou atenção justamente por ter encontrado um mercado ainda muito pouco explorado para atuar, e ainda carente de serviços financeiros e digitalização. “As companhias brasileiras devem importar cerca de US$ 200 bilhões neste ano. Desse volume, 50% passa por grandes tradings. A outra metade está pulverizada em 39 mil empresas, com tíquetes de até US$ 10 milhões”, comenta Caio Gelfi, a respeito do tamanho do mercado a ser atendido.

Baltieri explica que o negócio surgiu para solucionar, ao mesmo tempo, quatro grandes problemas de pequenos importadores, em sua maioria empresas familiares, que com tíquetes menores: 1º) capital de giro, pois o pagamento com a Vixtra não precisa ser antecipado e só ocorre quando o produto chegar; 2º) serviços financeiros costumeiramente caros para volumes pequenos como hedge, seguro e remessas; 3º) informações sobre o fornecedor que deem confiança ao importador, como bloqueio em outros países; e 4º) controle, transparência e visibilidade do processo, para acompanhamento da movimentação dos produtos. “Nós conseguimos fornecer esses serviços todos porque representamos a escala que o pequeno importador sozinho não tem”, destaca ele.

Gelfi completa que, na questão da confiança, a Vixtra ajudará ambas as pontas, importadores e também os exportadores. De um lado, as pequenas e médias empresas não têm acesso a soluções que forneçam histórico e situação dos fornecedores — existem ferramentas de compliance, porém de custo elevado. Do outro, os exportadores, também têm receio de vender para compradores que não conhecem e sobre os quais se preocupação a respeito da capacidade financeira de pagamento. “Esse fornecedor também vai ser fonte de negócio. Para ele, será bom ter uma empresa como a nossa prestando o serviço e dando segurança. E, normalmente, esses exportadores fazem parte de associações e câmeras de comércio com diversos outros interessados em ampliar suas vendas”, contextualiza Rosenthal. “Vi isso de perto nas diversas viagens que fiz à China.”

É comum que as empresas tenham de pagar aos fornecedores com antecedência de 90 a 120 dias, quando trazem produtos justamente da China, da Indonésia, por exemplo, por serem regiões distantes. A Vixtra, porém, vai financiar esse capital de giro — que seria muito mais caro no sistema financeiro tradicional — para essa empresa.

Essa frente ajuda a explicar por qual motivo a startup tão cedo demandou investimentos tão relevantes. Além da operação financeira, há ainda a frente tecnológica. Leonardo Baltieri explicou que toda a parte de transparência digital do percurso dos produtos está sendo desenvolvida internamente. “Parece simples, mas não é.”

Para 2021, o funding para financiamento de clientes virá de um fundo de direitos creditórios (FDIC) que já começa a ser desenhado. A ideia é captar entre $ 50 milhões e R$ 100 milhões. A expectativa, segundo Baltieri, é de um produto financeiro interessante para o mercado, uma vez que os prazos de pagamento são, do ponto de vista do provedor de capital, curtos e que o colateral é o próprio produto. “Do jeito que estruturamos a operação, o cliente não recebe o produto importado se não pagar.”

A Vixtra não se envolve em nenhum serviço de trading, como negociação e nacionalização de produtos. Seu negócio é totalmente dedicado à frente financeira.

Próximos passos

Mesmo tão jovem, do ponto de vista de modelo de negócios, a Vixtra já tem mapeado seu percurso de crescimento, tão logo consolide sua atuação dentro do ecossistema de comércio exterior. “Já vamos nascer prontos para, no futuro, incorporarmos às nossas ferramentas a tecnologia de blockchain e de pagamentos em criptomoedas”, destaca Rosenthal.

Além disso, a atuação em outros mercados da América Latina também já está na mira. “As dores dos empresários da região são as mesmas. Os mercados que mais se destacam como potencial são Argentina, Chile e México, pelo tamanho”, completa Gelfi.

Outra frente na qual a Vixtra pode avançar é dentro da própria cadeia dos clientes importadores, incorporando, por exemplo, os recebíveis das companhias a todo o processo. Mas isso, ainda está no futuro. O mapa do mundo dos três, porém, já está demarcado com diversas novas rotas de negócios a serem exploradas.

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