A Band teve uma estreia de cobertura da Fórmula 1 bastante elogiada neste domingo (28), mas também uma desagradável surpresa para uma parte relevante do público da categoria. É que, por questões contratuais, a emissora paulista não transmitiu o GP do Bahrein para quem tem apenas o sinal via antena parabólica.
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Isso aconteceu tanto antes da classificação, no sábado, quanto antes da corrida de domingo. Com minutos faltando para o início dos eventos, a emissora colocou uma mensagem na tela informando que não exibiria a F1 para quem tinha acesso pela Band SAT, a sintonia do canal na parabólica.
O levantamento mais recente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), feito em 2017, informa que 6,5 milhões de residências no Brasil contam apenas com antena parabólica para ver TV, número que vem sendo reduzido nos últimos anos, mas que ainda é bastante representativo.
O expediente não é exclusivo para a F1 na Band. A emissora já tem feito o mesmo com transmissões de outros eventos internacionais, como a NBA ou mesmo os jogos dos campeonatos europeus de futebol, que compõem a programação do ‘Show do Esporte’. No entanto, é novidade para os fãs de F1, que conseguiam sintonizar a categoria nas parabólicas nos tempos em que a Globo era a detentora dos direitos.
Questionada pelo GRANDE PRÊMIO desde a segunda-feira, a Band não se manifestou até o fechamento desta reportagem.
Boa audiência e repercussão positiva
Com uma equipe tarimbada e formada por muitos profissionais que fizeram suas carreiras no Grupo Globo, a Band dedicou várias horas da sua programação, desde o começo do fim de semana, na sexta-feira, e falou de Fórmula 1 em praticamente todas as suas atrações. No canal por assinatura, o BandSports, as transmissões dos dois treinos livres da Fórmula 1 e treino livre e da classificação da Fórmula 2 na sexta-feira, tiveram horas de debates sobre o esporte a motor. Aliás, o BandSports teve sinal aberto em diversas operadoras de TV, permitindo que uma parcela maior pudesse acompanhar a todas as sessões.
A cobertura seguiu em um movimentado sábado, com as duas corridas da Fórmula 2, o treino livre 3 e uma eletrizante classificação da Fórmula 1 e foi coroada no domingo com mais uma prova da Fórmula 2 e com a cereja do bolo, o GP do Bahrein de F1.
Para muitas praças, a cobertura na TV aberta no domingo começou às 9h (em Brasília), com o canal trazendo entrevistas e entradas ao vivo da jornalista Mariana Becker, direto do Bahrein. O pré-corrida foi liderado pelos jornalistas Glenda Koslowski e Elia Jr. e contou com as presenças do narrador Sergio Maurício, do jornalista Reginaldo Leme e dos pilotos comentaristas Felipe Giaffone e Max Wilson.
Como prometido, a Band transmitiu até a última gota de champanhe do pódio e foi além, exibindo também uma entrevista de Mariana Becker com Lewis Hamilton no chamado ‘cercadinho’ da Fórmula 1 e o pós-corrida no estúdio no Morumbi. Foram cerca de cinco horas de Fórmula 1 em sequência na TV aberta.
O resultado na audiência também foi bastante positivo. No sábado, a Band registrou 2 pontos no Ibope, o que não é muito em termos gerais, mas representou um crescimento considerável em relação ao 0,9 ponto que havia tido na mesma faixa no sábado passado. Na corrida, com direito a um pico de 6,2 pontos, a audiência ficou em 5,1, encostada na Record e próxima até do SBT, vice-líder no horário, um crescimento de 400% no horário.
Em outras plataformas, o sucesso se repetiu: a Band conquistou o primeiro lugar nos assuntos mais comentados do Twitter, enquanto que o Bandplay, aplicativo de streaming da emissora, registrou 65% de novos usuários.
Além da Band, que voltou a passar a F1 após mais de 40 anos, foi também a estreia da F1 TV Pro no Brasil, plataforma de streaming com a transmissão ao vivo dos eventos da categoria e uma gama importante de informações e estatísticas em tempo real. Por enquanto, no entanto, apenas em inglês.
A disputa pelos direitos de transmissão
A Band entrou na parada e assinou por dois anos com a Fórmula 1 na primeira semana de fevereiro, logo após a segunda desistência da Globo em transmitir a Fórmula 1. A primeira havia sido oficialmente comunicada em agosto e tinha os mesmos motes de agora: as altas cifras cobradas pela FOM/Liberty Media, que chegavam a US$ 22 milhões (cerca de R$ 127 milhões na cotação de hoje).
A partir de então, deu-se uma corrida pelo ouro da Fórmula 1. Foram tempos em que até a TV Cultura mostrou interesse em passar a categoria. A Disney, que transmite o campeonato na América Latina toda, quis abraçar a causa, mas tinha ciência de que, sozinha, não conseguiria e que o Liberty Media buscava uma emissora em TV aberta. Em meados de dezembro, a Disney anunciou que havia encerrado as negociações por entender que não era financeiramente viável. A emissora que detém os canais ESPN e FOX Sports tentava uma parceria, que quase saiu, com o SBT.
Com os meses de indefinição, a Globo voltou à mesa de negociações em novembro para manter o campeonato em sua programação na temporada 2021 a pedido de Chase Carey, que ocupava o posto de chefão da Fórmula 1 até o fim do ano passado antes de dar espaço ao italiano Stefano Domenicali.
Carey foi o responsável por todo o imbróglio que ajudou a tirar a Globo, em um primeiro momento, da transmissão da categoria e dar força para a Rio Motorsports. Quando notou que não sairia autódromo nem dinheiro garantindo o acordo para os direitos de TV, entrou em contato pessoalmente com a prefeitura de São Paulo para reatar a parceria com Interlagos e pedir que a Globo considerasse uma nova proposta
A Globo, então, fez uma oferta menor que os US$ 20 milhões (R$ 108,4 milhões na cotação de hoje) então propostos inicialmente, soube o GRANDE PRÊMIO. Liberty Media/FOM fizeram uma contraproposta. As negociações ficaram paralisadas por um tempo em virtude da virada de ano e foram retomadas em janeiro. 50 dias antes do início da temporada no Bahrein, veio a notícia da desistência da emissora.
Em novembro, a Globo já havia perdido os direitos da Stock Car para a Band, que adicionou a principal categoria do automobilismo brasileiro no seu portfólio, cada vez mais encorpado depois que a emissora do Morumbi voltou a exibir o Show de Esporte, programa recheado de transmissões esportivas ao vivo e que fez da Band referência nos anos 1980 e 1990, tendo Luciano do Valle no comando à época.
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