Plataforma: PC, Xbox 360, PlayStation 3 Desenvolvedor: Bethesda Softworks Distribuidor: ID Software Gênero: Ação, Tiro em Primeira Pessoa
A história da id Software e do seu game designer John Carmack está ligada diretamente à criação de jogos como Doom e Quake que, por consequência, cunharam o gênero FPS — first person shooters, ou os conhecidos jogos de tiro em primeira pessoa.
Dito isso, nada mais sensato do que analisar com cuidado cada lançamento que tanto a empresa como o profissional colocam, em média, a cada dois anos no mercado. Anunciado na QuakeCon de 2007, Rage era a grande aposta do estúdio ao lado da desenvolvedora Bethesda Softworks.
O jogo se passa em um cenário pós-apocalíptico, em que a Terra foi devastada pelo impacto de um meteoro que se chocou em sua superfície. Você controla um sobrevivente do chamado “Ark Project” , projeto criado para manter vivos milhares de “inabitantes” através de uma droga que os fazia sobreviver ao longo período de frio.
Com diversas referências que passam pelo cinema de George Miller (Mad Max 2), à literatura de Richard Matheson (Eu Sou a Lenda), e a outros games com temática similar (Fallout 3 e Borderlands), de cara o novo título de John Carmack parecia tudo, menos original.
O jogador começa saindo da sua Arca, acordando 106 anos após a catástrofe, em um cenário deserto e desolado. Logo, você é atacado por um membro do Ghost Clan, e é salvo por Don Hagar, líder de um acampamento próximo dali.
Logo de cara somos tomados pela quantidade de detalhes na árida e gigante Wasteland, com o forte sol iluminando a natureza morta e a sensação de que estamos mergulhando em um vasto e complexo mundo virtual. Infelizmente essa impressão não é a que fica.
Hagar sabe da importância de resgatar um sobrevivente da Arca e da atenção que pode chamar resgatando-o, e assim te coloca para fazer algumas missões perigosas, como acabar com a ameaça do Ghost Clan, que vem se aproximando cada vez mais do acampamento.
A partir daí somos apresentados à mecânica do jogo, resolvendo uma missão aqui, retornando para ser pago por ela, e repetindo o processo de acampamento em acampamento. E aqui está uma das maiores falhas para quem esperava uma profundidade de “Fallout-encontra-Borderlands” — ela simplesmente não existe.
A linearidade do jogo impede com que nos esforcemos para caminhar por cada metro quadrado de Wasteland; os personagens, mesmo tendo uma grande atuação vocal (contando com nomes como John Goodman e Paul Eiding), não se conectam conosco; e a história geral de Rage se revela algo extremamente raso e superficial ao nos aprofundarmos.
Mas aí é a questão que o jogo levanta: será que precisamos que os padrinhos do FPS (id Software) façam algo diferente que já fizeram nessas duas décadas? Se você encarar esta como mais uma experiência de tiro em primeira pessoa, não vai se decepcionar, afinal, é um título que tem suas qualidades.
Como existem diversos bandos e facções espalhados pelo mundo, o jogador encontra uma série de inimigos diferentes a cada local que visita. Enquanto membros do Ghost Clan pulam a todo tempo e interagem com o cenário na hora do ataque direto, os do Jackal Clan partem para cima com tudo. Isso garante uma estratégia diferente todo tempo para vencer os inimigos.
É possível se abastecer de suprimentos para deixar o combate menos fatal. São “Bandages” que recuperam sua vida, “Wingsticks” (espécie de bumerangue fatal) que matam os inimigos com um único golpe, e balas especiais que podem causar mais dano aos inimigos.
Em Rage você nunca se sentirá nervoso ou acuado, pois seu armamento garante certa tranquilidade ao enfrentar hordas de inimigos ou até os chefes que hora outra surgem em seu caminho. Por mais que haja uma estratégia para derrotar cada tipo de inimigo, é possível destruir boa parte com sua espingarda.
O jogo conta com veículos para levá-lo de um acampamento a outro e disputar corridas com outros personagens, e ainda minigames de cartas e outros que complementam a aventura, mas não fazem nenhum milagre para melhorar o tom final da história.
Enquanto FPS, Rage oferece uma jogabilidade sólida, centenas de inimigos para serem derrotados e gráficos acima da média (tirando alguns pequenos bugs de textura), mas para quem esperava uma experiência que garante imersão por horas a fio, como Fallout ou Borderlands, vai se decepcionar.
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