Plataforma: PC, Xbox 360, PlayStation 3, Wii Desenvolvedor: Reflections Studios Distribuidor: Ubisoft Gênero: Corrida, Arcade
A franquia Driver estranhamente conseguiu ter um caminho inverso que muitas séries de jogos do mercado de games tiveram; enquanto o primeiro título foi louvado pela crítica e obteve grande sucesso de público, as sequências não tinham o mesmo brilho e acabamento, e cada lançamento nos faziam lembrar de como conseguiram deixar ruim algo que começou tão bem.
Mas tanto a Ubisoft quanto a desenvolvedora Reflections Interactive aprenderam com os erros cometidos no passado com Driver: Parallel Lines e principalmente Driv3r, a mancha negra na história franquia, e agora apostaram em mecânicas de jogo bem diferentes das que estávamos acostumados.
Em Driver: San Francisco o jogador volta a controlar o detetive disfarçado John Tanner em acontecimentos que sucedem o final de Driv3r, em que Charles Jericho sobrevive ao tiroteio de Istambul e foge para a cidade de San Francisco.
A trama começa quando Tanner e seu parceiro Tobias Jones acompanham de perto o transporte de Jericho para uma prisão em um veículo blindado pelas ruas da cidade, mas o comboio é interceptado por um míssil e o veículo é tomado por Jericho, que termina por perseguir Tanner e acaba deixando-o em coma.
Como a história transcorre através do coma do personagem central, o jogador acaba adquirindo um poder chamado “shift”, em que Tanner consegue entrar no corpo de qualquer motorista da cidade e controlar seu veículo.
Essa habilidade funciona de maneira intuitiva, já que Driver: San Francisco continua sendo um jogo de carros e corrida em um cenário urbano, mas o fator de poder controlar qualquer outro carro durante missões que envolvam, por exemplo, perseguições, nos dá o prazer de sair batendo qualquer carro em frente a outro.
A Ubisoft soube manejar bem essa mecânica, já que cada carro que pulamos conta com uma história entre o motorista e o passageiro, com frases de efeito muitas vezes divertidas e bem escritas. Esses diálogos são, provavelmente, o ponto mais alto deste jogo, já que peca em outros fatores fundamentais.
O controle dos carros é um deles, estão duros e não é possível manejar bem qualquer veículo da cidade que tentarmos. Outro ponto é que quando aprendemos a utilizar o Shift a nosso favor, o jogo todo perde um pouco da graça, pois parece que estamos jogando Destruction Derby e prezando pela destruição do carro inimigo.
Mas ainda assim é uma mecânica interessante, que coloca muitas opções à frente do jogador. Alguns desafios exigem raciocínio rápido, como quando devemos proteger um carro estacionado e veículos inimigos se aproximam para bater nele.
Outro ponto alto é a missão em que Tanner deve controlar o corpo de um ajudante de Jericho e ele acaba perseguindo seu próprio veículo com a missão de matar a si mesmo e a seu parceiro. Aqui, o jogador acaba controlando dois carros ao mesmo tempo pelas estreitas ruas da metrópole americana.
Mas nada bate as missões em que temos um contador de paranoia na tela, e estamos transportando uma testemunha para o programa de proteção policial e ele não gosta que andemos na via principal, ou quando um sequestrador faz a exigência de andarmos só pelas vias paralelas para que possamos resgatar o filho do passageiro.
Driver: San Francisco conta com uma história interessante, mas que demora um pouco para se desenrolar. Só pelo meio do final vamos entender o que realmente está acontecendo — isso é tudo um sonho da cabeça de Tanner, ou estamos mesmo influenciando na realidade da cidade?
São dezenas de missões paralelas, que envolvem disputar corridas pelas ruas, resgatar veículos roubados, levar pessoas a lados opostos da cidade em um tempo contado. Mas o mais interessante é que o jogo resgata esse pensamento de “motorista”, em que nos pegamos o tempo todo olhando para o mapa da cidade, pensando no melhor caminho para nosso destino.
E essa é a essência de Driver, pensar sempre no melhor caminho, o mais curto, evitar problemas, e fazer com que os passageiros cheguem a tempo em um local.
Com passagens que mesclam realidade e fantasia na cabeça de Tanner, nos fazendo dirigir através de verdadeiros pesadelos da sua mente, Driver: San Francisco não faz feio e (finalmente) resgata uma franquia tão prejudicada nos últimos anos.
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