“Uma empresa, mais do que transparência, tem que ter previsibilidade”, declarou Jair Bolsonaro, que considera “inadmissível” o aumento de 39% no gás fornecido pela Petrobras. O presidente disse ainda que “não vou interferir” ao mesmo tempo em que ameaçou interferir (coisa que, aliás, fez recentemente, quando demitiu Roberto Castello Branco) ao afirmar que “podemos mudar essa política de preços lá”.
Evidentemente, uma empresa que segue as melhores práticas e acompanha a cotação internacional da commodity que produz é uma empresa previsível. Já o preço, determinado por um sistema complexo, é que é, em grande medida, imprevisível. Mutações genéticas (como as que nos deram a variedade P1 do coronavírus, que está matando milhares de brasileiros por dia), por exemplo, também são determinadas por sistemas complexos. Sistemas complexos são assim mesmo.
Já o próprio presidente não é um sistema complexo: seu comportamento apenas parece imprevisível. Sua reação diante de uma má notícia ou adversidade nunca surpreende: é sempre estapafúrdia e sempre acarreta o maior dano possível. A ameaça que fez aumenta a insegurança jurídica do setor, prejudica a governança da empresa, derruba a cotação de suas ações, afasta investidores.
Bolsonaro não se contenta em destruir vidas de brasileiros apenas. Faz questão de destruir também nosso patrimônio.
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