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Vacinar contra a gripe ganha ainda mais importância | VEJA

Vacinar contra a gripe ganha ainda mais importância

A Campanha Nacional de Imunização contra o vírus influenza, realizada pelo SUS (Sistema Único de Saúde) todos os anos, ganha neste ano ainda mais importância, porque acontece enquanto o país ainda está vacinando a população contra a Covid-19.

Com a saturação que vivemos hoje do sistema de saúde do país, tanto público como privado, por causa da Covid-19, tomar a vacina contra a gripe se torna ainda mais estratégico. Todo ano, a doença afeta entre 20% e 30% das crianças e cerca de 10% dos adultos no mundo. Principalmente no caso dos idosos, um quadro gripal pode evoluir para complicações respiratórias e a um quadro grave. Com não só leitos de UTI, mas diversas outras estruturas hospitalares funcionando acima da capacidade, internações por gripe podem sobrecarregar ainda mais o sistema.

A vacina contra a gripe ainda tem outra vantagem: uma vez que a pessoa esteja imunizada contra a gripe, fica mais fácil diagnosticar quem eventualmente esteja infectado com o coronavírus. Isso porque os sintomas de ambas as doenças são bastante parecidos.

O Brasil tem uma história de sucesso no tema vacinação. O atual Programa Nacional de Imunizações, gerido pelo Ministério da Saúde, foi criado em 1973, oferecendo quatro vacinas para recém-nascidos. Hoje, oferece 14 para bebês e crianças, 7 para adolescentes e 5 para adultos e idosos. Nesse período o país já conseguiu erradicar diversas doenças que assolaram as vidas de tantas pessoas, como sarampo, rubéola e poliomielite – da qual o Brasil foi declarado livre pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em 1994, embora o último caso da doença no país tenha sido registrado em 1989.

O SUS (Sistema Único de Saúde) tem um grande papel nesse desempenho, devido à sua abrangência nacional, com acesso universal e gratuito. Trata-se do maior sistema público de saúde para países com mais de 200 milhões de habitantes.

Isso mostra que o Brasil tem um legado de excelência quando se trata de vacinação. Trata-se de um ativo de grande relevância. Afinal, somos um país com grande apelo turístico, e saber que temos uma das populações mais imunizadas do mundo certamente ajuda a fazer com que turistas, a lazer ou a negócios, se sintam razoavelmente seguros em vir para cá. Empresas também podem se sentir mais seguras em trazer suas operações para o Brasil, sabendo que pode contar com um ambiente livre de diversas doenças, e que para muitas outras há imunização por aqui.

O cenário mundial para a vacinação contra a covid-19 é complexo, com disputas entre diversos países por lotes, capacidades limitadas de produção, a pandemia mesmo continua em curso e as mutações que podem comprometer a eficiência de alguns dos imunizantes já desenvolvidos. Mas o Brasil tem condições de fazer com que a vacina chegue a todos os pontos de seu território. Basta ver que faz isso rotineiramente, com todas as vacinas do PNI, e não raro supera as metas de imunização dos públicos-alvo.

Será necessário uma pressão contínua da sociedade até que possamos dispor de mais vacinas – não só em maior quantidades, mas também de diferentes vacinas. Não só isso, será preciso pressionar para que a imunização da população ganhe velocidade: no ritmo em que a vacinação contra covid tem ocorrido, demoraremos ainda mais para retomar a normalidade – ao mesmo tempo em que vemos países que também estiveram em situação bastante crítica, como o Reino Unido, já voltando a abrir até mesmo seus tradicionais pubs. Isso vai requerer que arregacemos as mangas e trabalhemos, num esforço permanente de abertura e diálogo, independentemente de eventuais divergências com os envolvidos nesse diálogo. Temos de superar essas diferenças e olhar para o bem maior, que é a saúde – quer gostemos dos interlocutores ou não.

A vacinação contra a gripe, iniciada hoje, 12 de abril, vai até 9 de julho, com a expectativa do Ministério da Saúde de um público de 79,7 milhões de pessoas – e de vacinar ao menos 90%. No ano passado, a campanha chegou a 95,7%, superando a meta. O Ministério da Saúde recomenda a quem esteja no grupo prioritário das duas doenças, que tome primeiro a vacina contra covid-19 – a vacina contra o vírus influenza deve ser tomada ao menos 14 dias depois.

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