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O mercado de games anda tumultuado este ano e a expectativa sobre seus lançamentos é grande por parte de um público cada dia mais exigente, porém aberto a novas experiências em termos de jogabilidade e história. Considerando esse âmbito social, não é de se admirar que algumas produtoras acabem por subestimar a perspectiva alheia.
A Capcom soube bem como desdenhar da inteligência das pessoas ao oferecer Resident Evil: Operation Raccoon City. Óbviamente que não vamos entrar no mérito sobre a competência da produtora, mas ela simplesmente deixou a desejar ao oferecer uma experiência nada inovadora, sem um contexto firme que agregue algo.
Essa colcha de retalhos, por assim dizer, veio para tapar a lacuna que a espera por Resident Evil 6 está formando; explicação melhor não há. Para um plot totalmente desnecessário, a justificativa deveria se dar pela jogabilidade, mas nem essa parte pode ser considerada a melhor (ou única) saída.
É setembro de 1998 e a ação se concentra em Raccoon City, cujo destino já foi determinado com as horríveis consequências do mortal vazamento do T-vírus, desenvolvido no Complexo de Pesquisa da Umbrella. Com a necessidade de encobrir o caso, a Umbrella envia uma equipe de elite para Raccoon City para destruir todas as evidências que a ligam ao incidente e eliminar qualquer sobrevivente. Enquanto isso, o governo dos Estados Unidos colocou a cidade em quarentena e enviou sua própria equipe de soldados de elite para determinar a origem do misterioso incidente.
É aí que o jogador entra. Ele assume o papel de um agente da Umbrella e, ao lado de mais quatro personagens, comandandos por Inteligência Artificial, ele parte para as missões subsequentes às ordens designadas.
A parte clássica desse revival merece respeito. Os zumbis com aquele “q” de George Romero estão lá para quem sentiu falta do antigo conceito, longe das criaturas apresentadas em Resident Evil 4 e 5, além de podermos revisitar locais icônicos como o Departamento de Polícia de Raccoon City e ver em alta definição alguns momentos marcantes de RE 2 e RE 3. Hunters, o chatão William Birkin e os lickers também fazem parte dessa farra, porém não apresentam o mesmo grau de dificuldade de outrora. E nem devemos esperar muito nesse sentido.
Nascido praticamente para ser apenas um multiplayer, Operation Raccoon City tem jogabilidade frenética, limitando o jogador a fazer maiores explorações, mesmo porque essa necessidade é nula. Seguindo a diretriz atira e mata, é assim que o jogador acaba conduzindo seus objetivos, sem maior imersão com a narrativa. Esse clima calculista e nada estratégico, não dá brecha para originar uma simpatia com um personagem sequer.
A mecânica de jogo é limitada. Durante o gameplay, a facilidade para se irritar com a disposição dos objetos e armas, independente das várias configurações pré-definidas do controle, é grande e atrasa a movimentação do personagem. Algumas inserções de movimento e ação, como esfaquear o oponente que está atrás de você ou se jogar atrás de uma base para cover up não auxilia na esquiva e os ataques do inimigo surtem efeito do mesmo jeito.
O que mais poderia ser atraente em um jogo com esse ritmo, que é a eficácia das armas contra os alvos, também é uma bola fora. Pensa naquele headshot certeiro que você planeja e não sai. Pois é. O absurdo é constante aí. Apesar de encontrarmos armas para reposição e caixas de balas a rodo, é necessário que o jogador descarregue a arma, praticamente, em cada oponente para matá-lo. Esqueça a beleza do tiro, que nesse não tem jeito. A não ser pelo fato de você colar em um agente e apertar o gatilho da escopeta.
Para quem gosta de apelar para o desafio com a faca, essa sim parece brinquedo de criança. Você passa a maldita umas 30 vezes no inimigo, e a impressão que fica é a de que você está passando manteiga em um pão. O cara cai, mas se bobear ele arrisca bambear atrás de você para depois de um tiro, finalmente, pegar na mão de Deus.
Esses são os elementos que poderiam salvar toda a campanha, mas passou batido e quem paga somos nós.Então só resta depositar confiança no modo multiplayer, que foi elaborado, inicialmente, para se equiparar ao de Left For Dead, embora não seja bem por aí. De qualquer maneira, o jogador pode juntar mais três amigos para o tiroteio, em modos competitivos. São eles: o Team Attack (busca por frags), o Survivors (o time precisa segurar a onda para sobreviver a uma horda de oponentes), o Biohazard (o jogador precisa proteger um sample do Vírus-T) e o Heroes (personagens icônicos enfrentam a Umbrella, no meio de um caos repleto de monstrengos).
A condição gráfica também não é nenhuma novidade para um jogo da atual geração. Talvez pudesse ser melhor, mas como eles quiseram dar uma roupagem nova, para uma história que é contada sobre 15 anos atrás, deixa pra lá. A gente sorri e acena como se fosse um marco da evolução técnica.
A trilha sonora é irritante, pois lembra a mesma usada nos filmes de Paul W.S. Anderson, dando aquele ar futurista, sem criar uma conexão sensível com a história, no mínimo. É chata, batida e quer pagar de modernosa. Coisa para quem não tem o que colocar como pano de fundo. Mesmo.
A Slant Six, desenvolvedora conhecida por SOCOM, bem que tentou, mas a aura carregada por premissas militares não se fez bem-vinda aqui. E o desejo de que Operation Raccoon City fosse um bom jogo foi otimista demais, considerando que a mãe da série está virada para a prancheta, muito mais concentrada em fazer bonito com Resident Evil 6.
Gráficos: 7,0Som: 7,5Jogabilidade: 7,0Diversão: 7,5
Nota Geral: 7,0
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