Somente neste mês de março, o Jair Bolsonaro falou em “meu Exército” três vezes durante algum tipo de pronunciamento público — duas vezes em conversas com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada e uma vez durante uma transmissão nas redes sociais. O presidente, que é o comandante constitucional das Forças Armadas, vive um momento de estranhamento com a cúpula dessas instituições.
Na segunda-feira, 29, ele demitiu o ministro da defesa, general Fernando Azevedo e Silva, que resistiu em aceitar algumas posições do presidente, que muitas vezes tentou envolver os militares com interesses políticos ou ideológicos do governo. Como reação à demissão, os comandantes das Forças Armadas pediram demissão nessa terça-feira, 30: o general Edson Leal Pujol (Exército), o tenente-brigadeiro-do-ar Antonio Carlos Moretti Bermudez (Aeronáutica) e o almirante Ilques Barbosa Júnior (Marinha).
“O meu Exército, que tenho falado o tempo todo, é o povo. Sempre digo que eu devo lealdade absoluta ao povo brasileiro, e esse povo está em toda sociedade, inclusive no Exército fardado”
A primeira utilização da expressão “meu Exército” ocorreu no dia 8 de março em conversa com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada. Bolsonaro, em mais uma de suas frequentes críticas às políticas de isolamento social, deixou claro que as Forças Armadas não fariam o que fazem as forças de segurança estaduais para garantir as restrições de circulação e o fechamento das atividades comerciais. “Podem ter certeza de uma coisa: o meu Exército não vai para a rua para obrigar o povo a ficar em casa”, afirmou.
Já no dia 11, durante a sua tradicional live semanal às quintas-feiras nas redes sociais, o presidente explicou o motivo de usar a expressão. “O meu Exército, que tenho falado o tempo todo, é o povo. Sempre digo que eu devo lealdade absoluta ao povo brasileiro, e esse povo está em toda sociedade, inclusive no Exército fardado”.
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Em uma nova conversa com simpatizantes em frente ao Alvorada, no dia 19, Bolsonaro voltou a afirmar que o Exército executaria as suas determinações. “O meu Exército não vai para a rua cumprir decretos de governadores, não vai. Se o povo começar a sair, entrar na desobediência civil, sair de casa, não adianta pedir ao meu Exército, que o meu Exército não vai nem por ordem do Papa. Não vai”, enfatizou.
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